A Coruja na Mitologia Céltica

A coruja pode ser vista em diversos objetos do período lateniano (La Tène), como um torque escavado em Rheinheim (datado de c. séc. IV a. C.), onde uma coruja emerge da cabeça de uma deusa. Nesse período, corujas são não poucas vezes representadas junto a cabeças humanas, indicando algum importante significado religioso - embora não seja possível agora afirmar qual fosse exatamente esse significado.

Miranda Green (em "Dictionary of Celtic Myth and Legend", p. 134), considera que a própria coruja poderia ser uma lembrança de uma deusa com aspectos ctônicos e de fertilidade. Green segue nesse ponto Anne Ross, que menciona a representação de uma deusa não especificada, que não seria Minerva, em monumentos galo-romanos, na companhia de uma coruja. O raciocínio é o seguinte: os egípcios tinham deuses animais. Com o tempo, muitos desses deuses ganharam aspecto semi-humano; passaram a ser representados com corpos humanos, mas conservaram as cabeças dos animais que eram suas manifestações mais antigas, como Hórus com cabeça de falcão e Anúbis com cabeça de chacal.

Os celtas também adoravam deuses representados como animais. Quando esses deuses passaram a ser representados sob a forma humana (provável influência mediterrânea), a imagem da deidade era acompanhada pelo animal a ela antigamente associado.

Na Escócia e em Gales, a coruja possui nomes pouco agradáveis. Para os escoceses, ela é a "cailleach oidhche" (bruxa da noite). Para os galeses, "aderyn y corff" (ave-cadáver).

Em uma lenda bretã, a carriça desce ao inferno para obter fogo para os pássaros. Ela volta de lá trazendo uma brasa no peito. Ao voar para fora do inferno, a brasa salta e queima a cauda da carriça. Em agradecimento, cada uma das outras aves lhe dá uma de suas penas, exceto a egoísta coruja, que se recusa a oferecer o presente. Os outros pássaros ficam tão enfurecidos que a expulsam e condenam a voar sozinha pela noite.

E no Quarto Ramo do Mabinogion existe a menção à Blodeuwedd .

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A coruja também está presente no conto de Culhwch e Olwen do Mabinogion, um dos quatro animais que auxiliariam no resgate de Mabon, filho de Modron e de acordo com os mitos galeses, foi sequestrado de sua mãe, quando tinha apenas três noites de vida. Para os antigos, ela representa sabedoria.

Créditos da imagem: Jen Delyth

Bênçãos do Céu, da Terra e do Mar!

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo

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