Enquanto nos escritos de Strabo aparecem Κέλτης (pl. Κέλται) ou Κελτός (pl. Κελτοί), com referência às nações que falavam línguas célticas e ocupavam territórios no norte da Itália, na Europa centro-ocidental e, posteriormente, na Anatólia (atual Turquia). Não há concordância entre os linguistas quanto à etimologia da palavra.
Alguns acreditam que sua origem seria a raiz indo-europeia *k'el (ocultar); para outros, seria proveniente de *kel- (impulsionar, constranger). Para Galatae (grego Γαλατάι), propõem *gelh2- (poder, coragem) como origem e daí teria derivado também o latim Gallia, Gallus (Gália, gaulês).
Embora não seja possível precisar exatamente o sentido, o nome "Celta" era usado pelos nativos, pois ao menos uma tribo da Espanha (Celtici Supertamarici) aparece assim designada em uma inscição celtibérica (Celtiberi, os Celtibéros) romanizada. Trata-se dos Celtici (Plinius, "Naturalis Historia", III, §13; Κελτικοι em Strabo, "Geographiká", III, 1, §6). A própria antroponímia testemunha que kelt- era um palavra nativa: Celtiatus, Celtiatis (gen.), Arcelti (gen.), Concelti (gen.), Celtius, Celtus, Celtilla (fem.), Celta (fem.), e Celtillus (pai do conhecido Vercingetorix).
O temo "Celtas" ficou durante séculos sepultado nos textos dos autores greco-romanos. Porém, Edward Lhuyd, botânico, linguista, geógrafo e naturalista galês (1660 – 1709), depois de viajar por todos os condados de Gales a seviço do Museu Ashmoleano por vota de 1697, observando as semelhanças entre as línguas hoje chamadas célticas: as britânicas (galês, córnico e bretão) e as goidélicas (gaélico irlandês, gaélico escocês e manês), propôs no primeiro volume de sua obra "Archaeologia Britannica: an Account of the Languages, Histories and Customs of Great Britain, from Travels through Wales, Cornwall, Bas-Bretagne, Ireland and Scotland" que as línguas britânicas seriam descendentes do gaulês e as goidélicas, da língua das inscrições celtibéricas. Lhuyd considerou que essas seriam todas "línguas célticas" e "celtas", a designação coletiva dos povos que as falavam.
Desde então, os irlandeses, escoceses, galeses, bretões e os demais passaram a ser cada vez mais chamados "celtas", coisa que a eles próprios nunca havia ocorrido e que hoje poucos se dão ao trabalho de questionar. Em resumo: os que hoje consideramos Celtas começaram a ser Celtas a partir do finzinho do séc. XVII, começo do séc. XVIII, conforme critério linguístico.
Por Bellouesus /|\
Então, podemos dizer que os povos que hoje consideramos como celtas nunca se descreveram como tal. Isso é fato!
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo
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