Morrigane da epopéia irlandesa toma muitas vezes o aspecto de uma gralha ou corvo... A analogia com Morgana é evidente, pois ela e as suas companheiras da Ilha de Avalon possuem precisamente o mesmo dom de se metamorfosearem. Além disso, é de crer que a mulher feérica que leva um ramo de macieira de Emain ao herói Bran, filho de Fébal, antes de levá-lo a empreender uma estranha navegação, seja a própria Morrigane, embora o seu nome não seja pronunciado neste episódio.
"Porque não havia de reinar a Grande Rainha nesta terra bem-aventurada de frutos maduros durante todo o ano e onde não existe a doença, a velhice e a morte?"
Seja como for, a ilha misteriosa de Emam Ablach é o equivalente, quer linguístico quer mitológico, da ilha de Avalon, a fabulosa Insula Pornorum para a qual convergem os mortos.
Morrigane é bem o tipo de mulher celta vista pelos autores das epopéias mitológicas; e, muitas vezes, vamos encontrar este tipo nas personagens femininas que, na fronteira entre o humano e o feérico, possuem dons mais ou menos sobrenaturais e o poderoso "géis", ou seja, o poder do encantamento mágico que tem o valor de obrigação absoluta para aquele ou aquela que dela é objeto.
Na epopéia celta, no entanto, o amor não é um sentimento isolado, fazendo parte das grandes mutações que se operam no universo, tudo se dirige, por entre as diversas peripécias psicológicas, para uma dimensão cósmica à qual ninguém consegue escapar.
(A Grande Epopéia dos Celtas de Jean Markale)
Leia também: Morrigan: A Grande Rainha
Feliz novo ciclo... Fáilte, Samhain!
Rowena Arnehoy Seneween ®
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